2024-09-06 10:36
Despertou-se em mim
Uma fúria
Uma incontinente fúria
Pelo rabisco
Pelo papel preenchido
Pela caneta que se seca
Pelo papel que deixa de ser branco
Em complacência
Vou observando
Essa relação simbiótica
Entre mão-caneta-papel
Alheia ao meu desejo
Querendo-se em se querendo
Eu que apenas observo
Me deixo
Nessa fúria oleosa
Destemperada
Que me carrega
E me usa para a escrita
De algo que nem imagino que seja
Deixo-me ser colônia dessa ânsia, que ruge, que grune, almiscarada
Fabulosa!